Blades of Fire: novo soulslike da MercurySteam aposta em forja mágica e narrativa épica, mas passa despercebido

Mesmo com pedigree de peso e um lançamento multiplataforma, Blades of Fire, novo jogo do estúdio espanhol MercurySteam — responsável por sucessos como Castlevania: Lords of Shadow e Metroid Dread — parece estar enfrentando dificuldades para conquistar atenção do público. Lançado em 22 de maio para PC (Epic Store), PlayStation 5 e Xbox Series X|S, o RPG de ação com elementos soulslike apresenta ideias inovadoras, mas amarga posições modestas nas listas de mais vendidos.

Ambientado em um mundo sombrio e majestoso, o título aposta em um design de fases com forte influência dos metroidvanias clássicos, característica marcante do estúdio. No entanto, o grande diferencial está no papel do jogador como um ferreiro mágico, onde o progresso depende da coleta de materiais para forjar e aprimorar armas — e não do acúmulo de almas, como em títulos do gênero. Ao morrer, não são pontos de experiência ou moedas que ficam para trás, mas a própria arma equipada, que permanece no local do falecimento e precisa ser recuperada.

O combate, como se espera de um soulslike, é centrado em confrontos intensos e estratégicos, com chefes imponentes e movimentações pesadas. Entretanto, o jogo opta por um nível de dificuldade mais acessível do que Dark Souls, oferecendo um desafio consistente, porém menos punitivo. A jornada se desenrola em um universo fragmentado e visualmente deslumbrante, com ruínas, castelos e florestas esquecidas que convidam à exploração, mesmo fora da rota principal.

Em termos narrativos, Blades of Fire bebe fortemente da fonte de God of War (2018), apostando em uma história emocional, com cenas cinematográficas bem dirigidas e momentos de peso dramático. A campanha principal tem duração estimada de cerca de 50 horas, com destaque para a ambientação e o ritmo cadenciado, ainda que a inclusão de minijogos constantes — especialmente durante o processo de forja — possa quebrar a fluidez da aventura.

Apesar das boas intenções e de um núcleo sólido, o título peca por tentar abraçar muitas mecânicas ao mesmo tempo. A variedade de sistemas — que incluem exploração meticulosa, combates precisos, forja artesanal, minigames e narrativa carregada de emoções — pode diluir o impacto do que poderia ser um foco mais afiado em gameplay.

Outro possível entrave ao sucesso comercial é o preço elevado: R$ 299,90 nos consoles e R$ 229,99 no PC, o que pode afastar curiosos e até fãs do gênero. Ainda assim, o jogo possui legendas em português e conteúdo oficial localizado, o que representa um esforço da MercurySteam para alcançar o público brasileiro.

Blades of Fire pode não ser um marco dentro do gênero soulslike, mas entrega uma proposta honesta e visualmente caprichada, capaz de conquistar jogadores que buscam algo novo em meio ao já saturado cenário de RPGs de ação.