Nos anos 90, adaptar jogos para desenhos animados estava em alta, mas poucos foram tão ousados — e verdadeiramente bizarros — quanto Earthworm Jim. Com origem nos videogames da Shiny Entertainment, o personagem fez sua estreia nos consoles em 1994 e, no ano seguinte, já estava estrelando seu próprio desenho animado. A série, que misturava nonsense, humor ácido e aventura galáctica, se tornou um cult instantâneo.
Transmitido originalmente pela emissora americana Kids’ WB entre 1995 e 1996, Earthworm Jim: The Animated Series teve duas temporadas e 23 episódios. A produção foi da Universal Cartoon Studios em parceria com a Shiny e a Playmates (a mesma empresa que fabricava os brinquedos do personagem). E se os jogos já eram excêntricos, o desenho elevou tudo à potência máxima.
A trama seguia Jim, uma minhoca comum que ganhou superpoderes ao cair dentro de uma armadura espacial de alta tecnologia. A partir daí, ele passa a enfrentar uma galeria de vilões tão absurdos quanto ele próprio: Psy-Crow (um corvo espacial), Queen Slug-for-a-Butt (uma rainha lesma gigante), Professor Monkey-For-A-Head, Bob the Killer Goldfish, entre outros. Ao seu lado estava Peter Puppy, seu fiel companheiro que virava uma fera descontrolada quando assustado.
O tom do desenho era completamente insano, com piadas visuais rápidas, quebras de quarta parede, sátiras de cultura pop e situações que lembravam Ren & Stimpy ou Animaniacs. Jim falava diretamente com o público, soltava trocadilhos infames e caía em armadilhas narrativas absurdas. Tudo isso embalado por uma abertura animada de cair o queixo e uma música-tema pegajosa.
Uma das maiores qualidades da série era seu elenco de dubladores: Jim foi interpretado por Dan Castellaneta (o mesmo dublador de Homer Simpson), que trouxe um carisma cômico e caótico ao personagem. A performance exagerada, cheia de gritos, suspiros e frases ridículas como “Eat dirt, evil-doers!” definia o tom da série.
No Brasil, Earthworm Jim foi exibido por canais como Globo (no TV Colosso) e depois na TV por assinatura. Sua dublagem manteve o ritmo acelerado e o humor maluco do original, conquistando uma base de fãs nostálgicos até hoje.
Mesmo com vida curta, Earthworm Jim foi um raro caso em que um jogo com visual excêntrico e humor nonsense foi adaptado para uma animação que abraçou o caos criativo com vontade. Foi um desenho que zombava das convenções e ainda conseguia ser visualmente marcante, fazendo jus ao seu material de origem.